4 de abr. de 2011

Inteligência emocional no trabalho

O interesse pelo tema surgiu a partir da percepção que possuir uma grande capacidade cognitiva é relevante para vida profissional, mas não é o suficiente, além disso, é imprescindível saber dosar razão e emoção. A capacidade intelectual sofre influência do controle emocional, portanto, é necessário estar apto para lidar com as adversidades e desta forma conseguir utilizar o potencial cognitivo da melhor forma possível. A competência de controlar as emoções é de extrema relevância para enfrentar e superar as adversidades.

Segundo Weisinger (2001), inteligência emocional – IE - nada mais é do que uso inteligente das emoções, ou seja, de forma intencional fazer com que as emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e raciocínio de maneira a aperfeiçoar os seus resultados.

O conceito de IE ganhou destaque na década de 90 com a publicação do livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, porém, apesar de não utilizar o termo IE, Sêneca - filósofo, nascido no ano 4 a.C. -  já demonstrava perceber a sua importância quando fez a seguinte afirmação: “Tanto quanto possas, repreende-te a ti mesmo, faze um exame de consciência; assume primeiro o papel de acusador, depois o de juiz e, por último o de intercessor. Em algumas ocasiões, sê duro contigo mesmo”. E o que dizer da filosofia Aristotélica? Ela nos recomenda o “caminho do meio”, em outras palavras, a harmonia, o equilíbrio, a prudência!

A IE impacta no ambiente de trabalho? Sim, com toda certeza! Pois a forma como lidamos com as nossas emoções reflete nos nossos relacionamentos interpessoais, bem como interfere na nossa relação intrapessoal. A capacidade de manter a serenidade contribui para que as pessoas possam tomar decisões com maior assertividade, por isso, é coerente afirmar que a IE é relevante para uma organização que almeja ser competitiva. De acordo com Goleman (1995), a vida emocional exige um conjunto especial de aptidões que são decisivas para entender o porquê de alguns prosperarem na vida e outros não.

As organizações estão cada vez mais cientes da importância do seu capital humano. Não há como negar! É por meio das pessoas e da tecnologia que as empresas superam as adversidades e alcançam seus objetivos. Sêneca afirmou que, frequentemente um bom material se torna inútil sem um hábil artífice. O mesmo pode acontecer com as equipes, se porventura não contarem com um gestor hábil, capaz de construir boas relações para poder liderar. Evidencia-se que a comunicação e interação entre equipes e/ou departamentos são de suma importância. Não podemos esquecer que o conhecimento suscita a partir das pessoas, e as pessoas aprendem com outras pessoas, embora, algumas vezes tenhamos dificuldade de perceber ou reconhecer esse fato.

Profissionais inteligentes emocionalmente são imprescindíveis, pois reuniões, conflitos, negociações e relações interpessoais são inerentes ao ambiente organizacional. O modo como o funcionário se expressa – gestos, olhar, tom de voz, expressões faciais – contribui de maneira positiva ou negativa para que as organizações possam alcançar os resultados desejados.

Segundo Macêdo, a maneira como nos expressamos em nossos contatos cotidianos revela as nossas atitudes. Ele assevera que quando alguém sussurra e olha para o chão pode estar transmitindo uma imagem de passividade e falta de iniciativa. Mas quando fala antes dos demais, usando um tom de voz mais alto e gesticulando com desenvoltura, demonstra sinais autoritários em sua comunicação interpessoal, o que pode provocar rejeição da outra parte.

De acordo com as publicações sobre IE, usar as emoções de forma inteligente é um fator determinante para alcançar o sucesso na vida profissional. De acordo com Goleman (2001), profissionais que sabem lidar com as emoções de forma inteligente são capazes de gerenciar conflitos, bem como conseguem lidar com tato e diplomacia com pessoas difíceis, além disso, também conseguem incentivar o debate e a discussão aberta.

É lícito afirmar que a IE é de extrema importância porque ela proporciona e potencializa a harmonia no ambiente de trabalho. Se o ambiente não for harmônico, não há cooperação, sem cooperação não há como alcançar os objetivos organizacionais. Nas relações profissionais e/ou pessoais devemos utilizar o princípio da atenção mútua, ou seja, o que não quero que me aconteça, não farei contra os outros.

Para finalizar a nossa reflexão acerca do tema inteligência emocional te convido a beber, mais uma vez, na fonte da Filosofia, vamos brindar nossa sede de conhecimento com um pensamento do filósofo Sêneca, com toda certeza este pensamento habita e está arraigado na mente dos profissionais inteligentes emocionalmente:

“Age com o teu subordinado como gostarias que o teu superior agisse contigo. Todas as vezes que te vier à mente quanto poder tens sobre o teu subordinado, pensa que o teu superior tem sobre ti o mesmo poder.


REFERÊNCIAS


GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 45ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

- Trabalhando com a inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

MACÊDO, Ivanildo Izaias de. Aspectos comportamentais. Da gestão de pessoas. 9ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

WEISINGER,Hendrie. Inteligência Emocional no trabalho. Como aplicar os conceitos revolucionários da IE nas suas relações profissionais. Reduzindo o estress, aumentando sua satisfação, eficiência e competitividade. Rio de Janeiro: Objetiva,2001

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