10 de abr. de 2011

O Marketing Pessoal

Max Gehringer define Marketing como o conjunto de ferramentas utilizadas por uma empresa com a finalidade de fazer com que seus produtos sejam conhecidos, apreciados e comprados. Ele afirma que Marketing pessoal – MP -, nada mais é que um profissional fazer exatamente a mesma coisa, só que em benefício da própria carreira.

De acordo com Oliveira Neto (1999) O MP valoriza todos os atributos e características das pessoas, incluindo a estrutura física, intelectual e espiritual. Ele assevera que o MP viabiliza a divulgação e demonstração das capacidades e potencialidades das pessoas, mas nem, por isso, as reduz a um objeto.

Enganam-se os que pensam que MP é apenas cuidar da aparência e sorrir para todo mundo. O MP promove o crescimento pessoal e profissional, por isso, assevero que é imprescindível estudar, aprimorar o seu quociente intelectual e emocional. Desta forma é possível construir uma marca pessoal que proporcione um diferencial competitivo.

Uma imagem negativa costuma cercear as oportunidades, pois da mesma forma como ninguém quer voltar a sentir dor de cabeça, dor de ouvido, também não quer por perto alguém que seja pessimista, que tenha mau humor, que não transmita confiança e boas recordações, ou seja, quem está disposto a repetir qualquer tipo de experiência desagradável?

Decerto o MP é muito parecido com o marketing utilizado para venda de produtos. Os responsáveis por realizar processos seletivos querem ter a imagem idealizada pelo slogan da Cica - “Se a marca é Cica, bons produtos indica”.  O profissional que já possui experiência no mercado de trabalho tem que estar consciente que ser competente não é o suficiente, é necessário parecer ser competente, ou seja, ele tem que ser uma “Brastemp”. Para quem está buscando a primeira oportunidade vale a mesma regra. Essa pessoa tem que demonstrar que pode ser um bom investimento para empresa. Assim como no caso do refrigerante Pepsi, “o pode ser”, pode ser bom, pode ser muito bom!

É necessário ter consciência que no mercado de trabalho nós realmente somos vistos como um “produto”. Nossa aparência (roupa, sapato, corte de cabelo, postura, etc.) é como a nossa embalagem. As relações interpessoais, tom de voz, a forma de gesticular, são como uma propaganda, um dos nossos canais de comunicação. O produto em si, o conteúdo, nada mais é que a nossa formação profissional, experiências adquiridas, resumindo nossos conhecimentos, habilidades e atitudes.

Na empresa todas as pessoas são importantes, independente do cargo que ocupem. A qualquer instante elas podem nos dar um feedback que contribua para aprimorar o nosso MP, por isso, recomendo um conselho de Confúcio: a regra dos 3/3 - um terço do tempo para os colaboradores, um terço para os superiores e toda a hierarquia e um terço para os negócios.

Para obter sucesso através do MP é mister buscar o autoconhecimento, pois nem sempre a percepção que temos a nosso respeito, condiz com a percepção das outras pessoas. Essas diferenças perceptuais podem influenciar nos relacionamentos interpessoais.

Macêdo (2007) define percepção como um processo pelo qual as pessoas auferem conhecimento de si, dos outros e do mundo a sua volta. Para ele o autoconhecimento é o ponto de partida para o processo de mudança pessoal.

O autoconhecimento é um alicerce para construção de uma imagem positiva. Podemos adquiri-lo através da janela de Johari, que é definida por Macêdo (2007) como uma representação de áreas da personalidade. A sigla Johari suscitou dos nomes dos seus idealizadores os psicólogos Joseph Luft e Harry Ingmam.

Macêdo (2007) discorre sobre os quatro quadrantes da janela de Johari da seguinte forma:


Estilo interpessoal: EU ABERTO

O comportamento da pessoa que usa intensamente os processos de dar e solicitar feedback é tão claro e aberto que haverá menos erros sobre o entendimento daquilo que ela estiver tentando fazer ou comunicar aos demais. Para Macêdo (2007) em um ambiente de trabalho competitivo as pessoas tendem a desconfiar dessa franqueza, por isso, elas poderão assumir atitudes defensivas. Porém com o convívio, o medo inicial poderá desaparecer, e a confiança mútua prevalecerá nos relacionamentos. Por essas vantagens, esse é o estilo considerado ideal.

Estilo interpessoal: EU CEGO

Macêdo (2007) assevera que ao dizer abertamente o que pensa dos outros e das situações, essa pessoa poderá estar sendo vista como egoísta e agressiva em suas constantes críticas. Como ela reage negativamente ao feedback dos outros, seu comportamento inadequado tende a perpetua-se, suscitando ressentimento e até hostilidade dos demais – “esse não tem jeito mesmo” – o que prejudica seus relacionamentos interpessoais.

Estilo interpessoal: EU OCULTO

Segundo Macêdo (2007) ao se interessar em saber o que os outros pensam dela mesma ou de suas ideias, essa pessoa passa a usar intensamente o processo de utilizar feedback sobre si própria. Como dificilmente expressa suas opiniões, seu estilo mais reservado acaba gerando desconfiança nos demais. Seja por insegurança ou por temor de que o grupo rejeite suas ideias, esse retraimento pode prejudicar seus relacionamentos interpessoais.  

Estilo interpessoal: EU DESCONHECIDO

De acordo com Macêdo (2007) o uso em grau reduzido de ambos os processos – dar e solicitar feedback – faz prevalecer um relacionamento impessoal por meio de contatos esporádicos e superficiais com os demais. Por não se dar a conhecer, o potencial dessa pessoa permanece inexplorado. Ela pode apresentar comportamentos rígidos, desinteresse pelo que acontece ao seu redor e até aversão a assumir riscos. Em ambientes de intrigas e lutas pelo poder, esse estilo pode ser adotado como estratégia de sobrevivência, do tipo “nada sei, nada vi, nada ouvi”.

Patrícia Lucena – colunista do iG Carreiras - assevera que ganharíamos tempo se as relações profissionais fossem tratadas com a objetividade da frase: “Diga como você é e eu direi qual é o seu futuro na empresa”. Ela afirma que alguns tipos de personalidade - “fofoqueiro”, “reclamão”, “do contra”, “bonzinho demais”, “puxa-saco”, “descomprometido”, “inseguro” e também o “centralizador” - não são bem vistos pela empresa e que pessoas com esses perfis, mesmo sendo competentes, acabam inviabilizando o próprio crescimento profissional.

Finalizo o artigo com uma frase de Malcolm X: “as únicas pessoas que realmente mudaram a história foram os que mudaram o pensamento dos homens a seu próprio respeito”.

AUTOR: Luciano Conceição

REFERÊNCIAS


GEHRINGER, Max. Faça seu Marketing Pessoal. Disponível em: http://migre.me/4dvNa. Acesso em 07 de abr.2011

LUCENA, Patrícia. Perfis que prejudicam o crescimento profissional. Disponível em: http://migre.me/4dvKx. Acesso em 08 de abr.2011

MACÊDO, Ivanildo Izaias de. Aspectos comportamentais. Da gestão de pessoas. 9ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

MARTINS, Rogério. Marketing Pessoal, sucesso global. Disponível em: http://migre.me/4dvTa. Acesso em 07 de abr.2011

OLIVEIRA NETO, Pedro Carvalho de.  Marketing Pessoal: o posicionamento
pessoal através do marketing. 6.ed. Fortaleza,1999.

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