8 de nov. de 2011

Professor: um gestor de pessoas


O mundo mudou e consequentemente as coisas mudaram na sala de aula.  A informação ficou mais acessível, o professor perdeu o status de “detentor do conhecimento” e passou a ser visto como um facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Na era digital a atuação do docente mudou, ele deixou de ser o único detentor do conhecimento, também não é mais aquele que apenas repassa as informações como no modelo da sala de aula tradicional, em que o habitual é ministrar aulas expositivas com pouca ou nenhuma contribuição dos discentes, ou seja, sem fomentar a criticidade da classe.

 A sala de aula deve ser pensada, planejada, ou seja, administrada! Evidencia-se que o ambiente escolar precisa adotar boas estratégias para ampliar o engajamento dos discentes, bem como para fomentar comportamentos como dedicação, envolvimento e criatividade no processo de ensino aprendizagem. Segundo Fayol, administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, em outras palavras, tudo que um professor faz em sala de aula. Por isso, podemos afirmar que o professor é um gestor de pessoas, um líder que tem um grande desafio: fomentar a sede pelo saber.

Apesar de não ter o respeito e reconhecimento devido - pelo menos não aqui no Brasil - o professor é uma figura muito importante para sociedade. Torço para que a situação mude, para que esse profissional possa contar com melhores salários e condições para realizar um bom trabalho, pois a escola é a primeira organização que realiza a captação e retenção de talentos. Esse trabalho é realizado através do obreiro da educação, ele mesmo, o professor, o “gestor de pessoas” que atua na sala de aula. Nas séries iniciais ele dá início a captação e retenção dos pequenos talentos que com o passar do tempo tornam-se capazes de produzir grandes mudanças no mundo - graças ao cuidado e incentivo que encontraram para buscar o conhecimento.

 A captação e a retenção de talentos são umas das tarefas do gestor que atua na sala de aula. Por meio do seu conhecimento e poder de persuasão, ele orienta sua classe para novas descobertas. O professor deve zelar pelo bom relacionamento interpessoal com os seus alunos e, além disso, deve transformar o “ambiente organizacional”, ou seja, a sala de aula, em um lugar aprazível e propício para que os estudantes possam expressar as suas ideias, possam contribuir ativamente com suas descobertas, vivências e questionamentos.

O verdadeiro professor é um eterno aprendiz! Não há como ser diferente, pois é necessário acompanhar as mudanças impostas pelo mundo moderno. Afinal de contas, a sala de aula deixou de ser apenas um espaço físico, ela expandiu, está em toda parte, nas redes sociais, no mundo virtual. Certamente muitas mudanças virão, não há como retroagir, não é prudente lutar contra, portanto, “aceita que dói menos”, pois a vida é feita de aprendizagens e transformações.  

O professor do século XXI precisa ser criativo, flexível, reflexivo e empático, caso contrário não conseguirá obter a atenção de uma geração que vive exposta a um grande volume de informação - o que inevitavelmente reduz a capacidade de concentração. Compete a esse “gestor de pessoas” administrar conflitos, incentivar a criticidade e a cooperação com o intuito de disseminar o conhecimento.

O conhecimento precisa ser renovado senão ele torna-se perecível, por isso, o “gestor de pessoas” que atua na sala de aula, não pode dar espaço à acomodação provocada pela certeza. Ele deve semear a dúvida, pois a certeza nos deixa na zona de conforto. A dúvida incita o pensamento e a curiosidade – o que nos leva a aprender e a buscar um novo olhar para coisas que nos cercam.

Segundo Platão o conhecimento é o alimento da alma, sendo assim, o “gestor de pessoas” deve gerenciar a “cozinha do saber” - também conhecida como sala de aula - de maneira harmoniosa, com respeito e cooperação. A leitura é imprescindível para quem pretende evoluir intelectualmente, portanto, os pais que desejam um futuro melhor para seus rebentos devem estimular o hábito da leitura, o mais breve possível. Mas infelizmente nem sempre isso ocorre e muitas vezes a missão fica apenas para o "gestor de pessoas" que atua na organização (escola), no departamento (sala de aula). 

Eu tive o privilégio de conviver com grandes mestres, “gestores do saber” - Antonio Carlos Silva, Fátima Góes, Renato Ribeiro, Sinda Morgade e outros que merecem o meu respeito e admiração! Jamais me esquecerei dos conselhos, da paixão que eles têm pela educação, pela identificação com o departamento “sala de aula” e da imensa disposição para compartilhar coisas boas.

 

 - Qual é a diferença entre céu e inferno?

E o mestre respondeu:

- É muito pequena e, no entanto, tem grandes consequências. Venha, vou lhe mostrar o inferno.

Entraram em uma casa onde havia algumas pessoas sentadas ao redor de uma grande panela de arroz. Todas estavam famintas e desesperadas. Cada uma delas tinha uma colher presa pela ponta do cabo à mão, que chegava até a panela. Mas os cabos eram tão compridos que elas não podiam levar as colheres à boca. O desespero e o sofrimento eram terríveis.

- Venha – disse o mestre, passado um instante. – Agora vou lhe mostrar o céu.

Entraram em outra casa, idêntica a primeira. Ali também havia uma panela de arroz, algumas pessoas e as mesmas colheres compridas, mas todos estavam felizes e alimentados.

- Não entendo – disse o discípulo. – Por que estão mais felizes que as pessoas da outra casa, se têm exatamente o mesmo?

 

 AUTOR: Luciano Conceição


2 comentários:

alberto rios dos santos disse...

Realmente não podemos negar que o advento da tecnologia tem dado gratuitamente um acesso a informação de maneira simples e rápida e até despertara um autodidatismo nas pessoas.No entanto,estas ferramentas tecnológicas podem ser ingredientes para cozermos e adicionarmos ao caldeirão de conhecimento que todos os dias damos uma pitada de sabor.Ainda que o professor seja hoje tido como"um facilitador do processo de aprendizagem"e não mais exclusivamente "detentor do conhecimento"cabe à ele mesmo incutir o transeunte do saber e ser capaz não apenas de sediar a ciência,mas multiplicá-la de tal modo que se crie uma via de criticidade.Afinal,como se nasce um novo conhecimento?Se não do questionamento de conceitos já existentes?Há prazo de validade para eles?tudo pode ser transformado ou pelo menos reciclado e assim será renovado a"cozinha do saber"provocando o surgimento de novas receitas para degustarmos e apurarmos nosso paladar psicosocial.

Unknown disse...

Realmente, depois dessa reflexão, chego a conclusão que um professor é literalmente um gestor de pessoas!