5 de ago. de 2011

Nossos Pais, nossos líderes!

Já faz um tempo que eu pretendia escrever sobre liderança, porém estava faltando inspiração. Mas a motivação surgiu, não sei se por conta do presente que ganhei no meu aniversário – o livro “Fala sério, pai!”, da escritora Thalita Rebouças - ou pela proximidade do dia dos pais, mas de uma coisa tenho certeza, a inspiração é oriunda de uma relação de 14 anos e alguns meses: TE AMO FILHA!

Durante a graduação em Administração e a Especialização em Gestão de Pessoas tive a oportunidade ler teorias sobre liderança e perfis de líderes, mas não pretendo fazer uso de nenhuma dessas teorias para falar sobre o assunto, quero discorrer sobre o tema embasado na minha intuição e no meu coração, até porque acredito que um líder deve ser intuitivo e apaixonado pelo que faz.

Normalmente os primeiros líderes das nossas vidas são os nossos pais. Com eles começamos a entender e perceber o mundo a nossa volta. As suas ações e atitudes nos servem de exemplo e marcam as nossas vidas. Acredito que ser mãe ou pai é um desafio que só pode ser encarado por um verdadeiro líder. Talvez seja a maneira mais difícil e prazerosa de exercer a liderança. Entendo que liderar é transformar o pensamento em ação, mobilizando, influenciando e sendo influenciado por pessoas para poder alcançar objetivos.

Anteriormente havia definido liderança sem mencionar que o líder também sofre influência, por isso, afirmo que cometi um equívoco. É claro que os líderes são influenciados! O cotidiano confirma a minha afirmação. Sou pai e me flagrei – ou fui pego no flagra -, sozinho, assistindo “Rebelde” - uma novela para adolescentes. Juro que só comecei a assistir depois de muita insistência e/ou influência de uma garota de 14 anos. Por isso, reavaliei o meu conceito de liderança, até porque uma das virtudes dos líderes é reconhecer os seus erros!

A vida é assim, em alguns momentos somos líderes, em outros somos liderados, influenciamos e somos influenciados. Talvez, por isso, a garotada da “geração Z” consiga “curtir” Cazuza, Raul Seixas, Engenheiros do Havaí e adultos da “geração X” consigam ouvir a banda NX Zero e falar gírias como “Cê tá de brinks com minha face”.


O líder deve ser responsável, íntegro e precisa ter a capacidade de pensar a longo prazo, pois compete a ele tomar decisões para beneficiar a coletividade. Um líder não deve agir de forma impulsiva, a sensatez é uma das suas virtudes. Para exercer uma boa liderança é necessário aprimorar a inteligência emocional, proporcionar o diálogo, saber o momento de delegar atribuições, assumir que é ser falível e que, por isso, comete erros. 

Os pais são um grande exemplo de liderança. Eles não precisam ler nenhuma teoria para descobrir a importância de competir sem rivalizar, de ter amor pelo que faz, de assumir responsabilidades e trocar conhecimento. Instintivamente eles são envolventes e criativos e conseguem canalizar a sua energia para o seu maior propósito que é educar os filhos.

Mesmo em meio a adversidades, os líderes conseguem ter a percepção do que é mais importante, por isso, ouso afirmar que as MÃES são o maior exemplo de liderança. Elas têm a grandiosidade de se doar e amar incondicionalmente. Para liderar é imprescindível manter a vontade de melhorar, sempre, um pouco mais, a cada dia. As MÃES são assim! Muitas vezes são mãe e pai ao mesmo tempo e ainda conseguem administrar uma carreira profissional. Apesar desse exemplo cotidiano e explícito de liderança, muitas vezes, mulheres são discriminadas e preteridas no momento de assumir o papel de líder nas organizações. Infelizmente essa miopia ainda impera no mercado de trabalho.

Nem sempre os líderes são compreendidos, por isso, devem estar preparados para ouvir críticas, negociar, aprender e até mesmo desaprender, mas nunca perder o foco no seu objetivo. É imprescindível que o líder trilhe o caminho do bom senso, pois compete a ele tomar decisões que serão benéficas para si e para os demais. Os pais de adolescentes sabem muito bem o que é isso, pois diversas vezes têm que dizer um “NÃO!” – ainda que isso corte o coração – quando os filhos a todo custo querem ouvir um “SIM”.

Mãe e pai são líderes, são educadores, por isso, exercem influência na vida dos filhos. O fato é que exercer essa liderança está cada vez mais complexo, pois atualmente as crianças têm muito mais acesso a informação e estão expostas a diversos tipos de conteúdos, que às vezes são inadequados para pessoas que estão em processo de formação do caráter. Os pais não podem ser onipresentes e oniscientes, mas devem saber lidar com está adversidade. Cá entre nós, isso é missão para um grande líder.

Grandes líderes sempre deixam um legado em nossas vidas. Eles são apaixonados pelo que fazem, acordam cedo, ficam acordados até tarde, mas não desanimam, pois sabem que precisam cumprir a sua missão. Assim são os pais cuidando dos seus filhos. A maneira como educamos nossos filhos é influenciada pelos valores transmitidos por nossos pais. Só os grandes mestres explicam o inexplicável: Mãe, se falar “palavrão” é feio, então por que você falou? Pai, você disse que “porque não” não é resposta, então por que está me dizendo “porque não”?

Há um ditado que diz: “quando o discípulo está pronto o mestre aparece”. Isso acontece na relação entre pais e filhos. Chega o momento em que os filhos assumem as rédeas, cuidam dos pais, decidem o que é melhor para eles. Enfim, este é o ciclo da liderança. 

Certa vez li uma frase sobre liderança que nunca mais esqueci - infelizmente não consigo lembrar o nome do autor. A afirmação foi à seguinte: “Liderança é algo difícil de definir e fácil de perceber”. E assim são os pais, é difícil definir, mas é fácil perceber a importância deles em nossas vidas. 


AUTOR: Luciano Conceição

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